sábado, janeiro 12, 2008

Onde os velhos não tem vez

de Cormac McCarthy

Ele olhou pra ela. Depois de algum tempo disse: Não é sobre saber onde você está. É sobre pensar que chegou ali sem levar nada junto. Suas noções sobre começar de novo. Ou a de qualquer pessoa. Você não começa de novo. Essa é a verdade. Cada passo que você dá é para sempre. Não pode fazer com que desapareça. Nenhum deles. Entende o que eu estou dizendo?
Acho que sim.
Sei que você não acredita mas deixa eu tentar mais uma vez. Você acha que quando acorda de manhã o ontem não conta. Nas o ontem é tudo que conta. O que mais existe? Sua vida é feita dos dias de que ela é feita. Mais nada.



Ou outro trecho.

Não tenho o que dizer diante disso. Cada momento de sua vida é uma bifurcação e cada uma delas uma escxolha. Em algum lugar você fez uma escolha. Tudo se seguiu a isso. A contabilidade é escrupulosa. A forma já foi desenhada. Nenhuma linha pode ser apagada.
(...)
Quando entrei na sua vida a sua vida tinha acabado. Teve um começo um meio e um fim. Este é o fim. Você pode dizer que as coisas podiam ter acontecido de outro modo. Que podiam ter sido diferemtes. Mas o que isso quer dizer? Não há outro modo. Elas são deste modo. Você está me pedindo pra explicar o mundo de forma diferente. Entende?
Sim, ela disse soluçando. Entendo. Entendo mesmo.
Ótimo, ele disse. Isso é ótimo. E então atirou.


Não preciso dizer mais nada.

terça-feira, janeiro 01, 2008

Na Praia

Não sei fazer críticas literárias. É sério, não sei escrever sobre livros. Então vou só pegar parte de um scrap que eu mandei pra uma amiga e acrescentar algumas coisas.

Leia Na Praia. LEIA. Se possível de uma sentada só. Pega o livro de manha e tanta ir até o fim. Se não der, leia em duas, três sentadas.

Eu fiz intervalos meio longos. Foi um erro. É um livro menor do Ian McEwan e mesmo assim é MUITO bom. Sério, agora entendo pq tem gente que o acha o melhor escritor de sua geração (pra mim ele ainda tá empatado com o J. M. Coetzee). Mal posso esperar pra ler Reparação, que dizem ser a GRANDE obra dele.

Bem, é isso. Vc já tem o que fazer em 2008. Leia Na praia.

Ah sim, esqueci do principal. O Assunto do livro. Ele é basicamente sobre a noite de núpcias de um casal no início dos anos sessenta pré-revolução sexual. Mas é muito mais que isso.

A voz das ruas

Comentário ouvido nas ruas sobre a volta desse blog:

"Era melhor ter ido ver o filme do Pelé!"

Em 2007...

Eu finalmente passei um carnaval fora do Rio de Janeiro.

Eu descobri que alguns amigos eram menos amigos do que eu pensava.
Que alguns amigos eram mais amigos do que eu pensava.
E que alguns amigos eram exatamente como eu pensava.

Conheci pessoas incríveis.
Deixei de conhecer pessoas incríveis.
Me prometi conhecer pessoas incríveis.

Descobri que um pacote Doritos pode provocar muita inveja em certas pessoas.
E que ser chamado de fã de Carrapicho não é uma ofensa tão grande quanto imaginava.

Descobri ser criação de uma mente alheia.
Depois descobri não ser.

Perdi a Chun-li. (e nunca vou me perdoar por botar um nome tão ridículo na coitada)
Ganhei a Mel. (e nunca vou me perdoar por deixar minha mãe botar um nome tão comum na coitada)


Cometi erros que cometi em 2006, 2005, 2004.
Cometi erros que não cometi em 2006, 2005, 2004.
Cometi erros que nem sabia que era possível cometer.

Aprendi que ter dinheiro é bom
E que ganhar dinheiro é um saco.

Aconteceram coisas boas.
Coisas ruins.
E coisas mais ou menos. (que correspondem a cerca de 80% da vida)

Ou seja, foi um ano bom.